VÍRUZ
Esta é a cultura do fado, do bimbo ao marafado,
do litoral ao profundo além tejo abandonado.
Aqui é sempre à fartazana, cultiva-se o desenrasca,
agentes imobiliário especialistas em dar barraca,
sangue de pirata, cientistas na Nasa, tatuagens pesadas,
parideiras com ancas largas.
É nestas ruas, vês o meu povo português,
o taxista sem licença, a varina e o freguês,
a dona do puteiro, por dinheiro faz francês,
e às duas por três tem juízes no xadrez.
PRÓDIGO
Podes sofrer um rés-vés, se não trazes arnés,
tens que os ter no sítio pa sentir o mundo debaixo dos pés,
irredutíveis na terra de aventureiros,
tugas com mais padrada que calceteiros, bons fumeiros,
movidos a enchidos, pulmões carcomidos,
a culpa é dos vizinhos, até Marrocos é um tiro,
ai não que não é, só queremos meter a vida
na linha tipo Camané, só preciso um lamiré,
com esperança, fé, não deixamos que a sorte fuja,
agarramos cada fezada memo à babuja!
REFRÃO:
são muitos anos, sempre lusitanos,
uma vida de enganos, abanamos lenços brancos.
VÍRUZ
Muito Jogo de cintura, hula hulla e fé no bingo,
não é preciso ser domingo para me benzer com São Domingos,
respeito os mais antigos, bigodes encardidos,
mandam piropos às garinas e manguitos aos políticos.
Isto anda à manivela e chulecos de meia tijela querem,
impingir-nos vinho aguado como aguarela.
Eu não caiu na esparrela, não me passam a perna,
tou cansado de licor de merda, quero é Cartuxa Reserva,
boas searas de erva, queimar um fardo dela na taberna,
até o cachimbo tar vazio como acapella.
PRÓDIGO
Não caias na esparrela por maior que seja a cadela,
paxourra pás catchorras? man, eu dou-lhes trela!
Ela ela, sabe que eu não digo por mal,
morenas fodem-me a cabeça, Isabel Queiroz do Vale,
fazem-me, esquecer a crise, paraíso fiscal,
com carraspanas, e moças ribatejanas, manjas?
No Cartaxo a fazer a vindíma, até ao Porto a rasgar na bulina,
Évora, cidade branca que brilha, Porto-Covo, pescadores de lagosta albina!
REFRÃO:
são muitos anos, sempre lusitanos,
uma vida de enganos, abanamos lenços brancos.
VÍRUZ
Aqui é a terra de poetas, do Saramago e do Lecas,
do homem que mudou o mundo quando passou as tormentas.
Hoje é casa borlesca com dívida gigantesca,
promessas e tramóias deixam os tugas às avessas.
Fazemos a festa com o Sistema e mais uns tantos,
versos com bagaço estilo Ary dos Santos.
Philly rapper Wino Willy is back with a concept album that showcases his sharp rhyme styles & appearances from Maze Overlay & Fatboi Sharif. Bandcamp New & Notable Dec 29, 2023